ANJO NEGRO
Os meninos da Terra são muito estranhos. Eles
julgam os anjos pela cor. Gabriel, quando desceu a Terra, sabia disso e se
precaveu. Sabia que iria sofrer esse preconceito e cada amiguinho iria querer
vê-lo de uma forma. Se fosse preciso ele transformaria seu corpo com sua
energia de anjo. Logo que chegou a Terra, uma menina percebeu sua presença.
Percebeu também que ele não tinha cor. Seu corpinho era lindo. Seu rosto, suas
asas, tudo transparente. Uma transparência maravilhosa. Ela olhou para ele e
disse:
-Acho que é um anjo. É sim, um anjinho, mas não
deve ser dos bons, se fosse seria vermelho e se fosse vermelho acharia minha
boneca.
O anjinho mentalizou, vibrou, pôs energia na sua
vontade e se tornou vermelho. Encontrou a boneca da menina. Despediu-se e
seguiu seu caminho.
Depois de muito voar, encontrou um menino que
disse:
- É um anjo. Mas anjo vermelho eu nunca vi. Bem que
poderia ser um anjo verde, anjo da esperança. Então ele iria tirar minha pipa
de cima daquela árvore.
O anjinho mais uma vez vibrou e tornou-se verde.
Voou até a árvore e libertou a pipa do menino. Achou que aquela cor estava um
tanto estranha mas seguiu seu caminho. Voou mais um pouco e novamente encontrou
outro menino. Esse olhou para ele com olhos de quem não estava acreditando e
falou:
- Que anjo estranho. Talvez seja dessa cor para
confundir-se com a mata. Não é feio, mas eu gostaria de um anjo azul... da cor
do céu. Sendo azul, ele poderia entrar naquele canal e pegar minha bola que
caiu lá dentro.
O anjinho mentalizou a cor azul, um azul muito
bonito da cor do céu e no mesmo instante lá estava ele azul e com a bola
debaixo da asa. O menino, muito educado, agradeceu ao anjo Foi então que o anjo
ouviu um chorinho. Era uma menina. Seu irmão tentando consolá-la disse:
- Não chore, olha, é um anjo.
Com os olhos ainda cheios de lágrimas, ela
respondeu:
- Ainda que fosse um anjo preto, eu acreditaria que
minha mãe está no céu. O homem mau falou que negro não entra no céu porque anjo
é loirinho de olhos azuis.
O anjo comoveu-se ao perceber que o menino negro e
sua irmãzinha eram órfãos. Não poderia trazer de volta aquela mulher como fez
com a boneca, a pipa e a bola mas naquele momento, ele pôs toda sua energia na
vontade de ser preto e se tornou o anjo negro. Para sempre... O anjo de todos
os Meninos que sofrem o preconceito da cor.
Cada aluno confeccionou seu próprio anjinho com garrafa pet e papel de seda.
BONECAS ABAYOMI: SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA, TRADIÇÃO E PODER FEMININO
Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.
Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas.
Confecção das bonecas pelos alunos: